Lula diz ter certeza de que suas ações terão continuidade após eleições

Ao discursar nesta quarta-feira para trabalhadores rurais e servidores públicos sobre o programa "territórios da cidadania" do governo federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ter certeza de que suas ações terão "continuidade" após as eleições de outubro.

Mesmo sem mencionar o nome da pré-candidata do PT ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff, Lula disse que vai deixar o PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento) pronto para o seu sucessor --programa que é o carro-chefe da campanha petista à sucessão presidencial.

"Um programa como esse é irreversível. Tenho consciência que vamos ter continuidade. Dia 29 [antes de Dilma deixar o cargo] vamos lançar o segundo PAC. Apenas por questão de responsabilidade. Eu não posso permitir que quem vier depois de mim perca um ano fazendo o programa. Quando essa pessoa chegar, vai ter o programa pronto", afirmou.

Mesmo sem Lula mencionar a pré-candidata, o nome de Dilma foi gritado em coro pelos militantes. Sorrindo, o presidente disse que ainda não pode dizer quem será o novo presidente, mas tem "consciência" do que vai acontecer no país.

"Eu não posso dizer quem vai ser porque vamos aguardar. Eu não posso dizer, apesar de na minha cabeça eu ter consciência do que vai acontecer nesse país este ano. Tenho consciência disso", afirmou.

Lula disse, no discurso, que não vai permitir a "paralisia" do governo federal em ano de eleições. Apesar de reconhecer que parte dos ministros vai deixar os cargos para disputar cargos eletivos em outubro, Lula afirmou que tem o "compromisso sagrado" de não "parar de governar o país" em consequência das eleições.

"Quero separar as eleições das ações do governo. Os ministros têm tarefas a cumprirem [sic]. Se todo mundo resolver abandonar o barco, a gente termina o ano sem cumprir os compromissos que assumimos. O compromisso sagrado nosso é não parar de governar esse país por conta das eleições", afirmou.

Lula reiterou que pretende substituir os ministros que deixarem o governo pelos secretários-executivos de cada pasta. "Vai sair uma série de ministros, não vou trocar muita gente, vou colocar os secretários-executivos que é quem está tocando os ministérios até agora, salvo algumas exceções. Não terá nervosismo porque temos consciência do que queremos até o final do mandato", afirmou.

Prioridades

O presidente afirmou que, entre suas prioridades até o final do governo, está a manutenção das políticas econômicas em vigor.

"Nós não podemos brincar com a economia. Não vamos brincar com a estabilidade econômica, a questão fiscal tem que ser cuidada com muita seriedade, e a inflação tem que ser controlada porque, se voltar, ela vai em cima do pobre. A inflação para o rico nunca será a mesma para a pessoa que vai comprar o feijão", afirmou.

À vontade ao lado dos militantes, Lula colocou um boné utilizado por professores do programa "territórios da cidadania". Segundo o ministro Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário), o governo vai dar continuidade ao programa mesmo em ano eleitoral. Uma das medidas, segundo o ministro, será retirar os municípios que integram o programa da "lista negra" do governo federal que impede repasses públicos. "Vamos ainda mais longe. Em 2010, quero anunciar que vamos investir R$ 27 bilhões nos territórios da cidadania. Serão 189 ações do governo e mais de 5.200 obras a serem realizadas até dezembro deste ano, portanto, nos próximos nove meses."

O presidente assina daqui a pouco projeto de lei que considera transferência obrigatória de despesas aos municípios que fazem parte dos territórios da cidadania. "A gente está retirando os municípios do Calc [cadastro do governo que impede repasses federais a quem tem dívidas]", afirmou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário