PT vai entrar com ação para apurar crime eleitoral em site vinculado ao PSDB

BRASÍLIA – O presidente do PT, José Eduardo Dutra, disse que o partido vai entrar nesta sexta-feira com representação no Ministério Público Eleitoral para apuração de crime eleitoral contra Eduardo Graeff, ex-secretário-geral da Presidência no governo de Fernando Henrique Cardoso, apontado como responsável pela montagem do site www.gentequemente.org.br. O site, abrigado na página do PSDB, segundo Dutra, foi montado para atacar a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, e o presidente Lula.

” A oposição fica entrando com ações para nos caracterizar como a margem da lei, mas por debaixo dos panos cometem esses crimes ”

Apurada a responsabilidade, se for mesmo Graeff, ele disse que ingressarão com ação civil por danos morais contra Graeff.

- O que a gente está vendo é uma tentativa vil de desclassificação, ataques pessoais, tudo aquilo que a gente não gostaria de ver numa campanha. A oposição fica entrando com ações para nos caracterizar como a margem da lei, mas por debaixo dos panos cometem esses crimes – disse Dutra.

A assessoria do PSDB informa que os advogados do partido só vão se manifestar depois que conhecerem o teor da ação.

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Graeff admite domínio “petralhas”, mas nega baixaria na web

Quinta, 29 de abril de 2010, 14h09 Atualizada às 14h53

Claudio Leal, no Terra Magazine

Alvo de ataques de aliados da pré-candidata Dilma Rousseff (PT), o coordenador da campanha de José Serra (PSDB) na internet, o cientista político Eduardo Graeff, reage com “um certo conforto” às hostilidades do “outro lado”. Ex-secretário-geral da Presidência no governo FHC, Graeff é acusado de ser o “brucutu-chefe da guerra suja tucana” na web, como definiu o deputado federal Brizola Neto (PDT-RJ).

“Nas entrevistas, Serra diz que vai manter o alto nível e não faz ataques ao presidente Lula, porque ele é popular. Mas a campanha no site do PSDB é o inverso do que Serra diz, desmente tudo isso. Na internet, eles usam baixarias contra Dilma, numa página mantida pelo PSDB, o Gente que mente“, acusa o pedetista, que levou o confronto à tribuna da Câmara Federal.

Mas Graeff transmite bom humor ao desconforto: “Eles (do PT) estão errando muito. O meu medo é que eu tenha meus 15 minutos de fama enquanto eles se reorganizam”, cogita.

- Você leu o texto do Kotscho? – pergunta Graeff.

Na quarta-feira (28), o jornalista Ricardo Kotscho, ex-secretário de imprensa do governo Lula, publicou em seu blog o artigo “Campanha de Serra começa na frente”, no qual avalia que “Dilma começou sua campanha solo em maré baixa, com tropeços verbais, agenda errática, problemas na coordenação inchada e o mau uso da estrutura de internet”. Graeff ponga na análise de Kotscho:

- Eles vão mal. Então, o que têm que fazer é sair atirando pro outro lado.

O coordenador da campanha tucana defende a existência do site “Gente que mente”, linkado na página oficial do PSDB. No caminho inverso da estratégia de Serra na televisão, a página elenca as “mentiras” de Lula e Dilma, contando com uma “Pinoquioteca”. “Modelo Dilma: empreiteira fica com lucro, contribuinte paga conta”, diz um dos textos, sobre o leilão da usina Belo Monte. Risonho, Graeff expõe:

- Para o “Gente que mente” não existir, é só o outro lado não mentir tanto. Basta não mentir! Há uma insinuação deles, e um desmentido. Por isso fazem uma campanha contra o site. Eles (os petistas) tiraram do ar o anúncio dos 45 anos da Globo. Agora eles querem tirar nossa página.

O tucano admite que criou o domínio “petralhas”, registrado pelo Instituto Social Democrata, criado pelo ex-presidente FHC. O inativo “www.petralhas.com.br” nasceu sob inspiração do livro do jornalista Reinaldo Azevedo, “O país dos petralhas”, uma palavra-valise que vincula os petistas aos irmãos metralhas. Graeff volta a sorrir, ao ser questionado sobre o uso da gíria:

- É uma discussão sobre o nada. Não existe o site “petralhas”, só existe o domínio. Isso faz uns dois anos, foi na época em que saiu o livro do Reinaldo (Azevedo), que me chamou a atenção para a palavra. Enxergaram nisso uma ofensa ao PT. Sei que o Reinaldo e outros críticos usam o termo “petralha”, assim como os petistas usam “tucanalha”. É uma palavra.

Graeff prefere “não avaliar” as estratégias digitais da campanha de Dilma, mas refuta a acusação de que estimula a baixaria.

- Acho que seria justo eles apontarem uma baixaria. “Gente que mente” faz críticas específicas. Se apontassem alguma impropriedade… Mas não apontam. O que podemos fazer é mudar de “gentequemente.org.br” para “gentequementeeodeiaserdesmentida.org.br” – apunhala, e pela frente.

Para o tucano, o nível da campanha PT x PSDB “tende a piorar e melhorar” na web.

- Como a internet é um veículo de comunicação segmentado e às vezes segregado – as pessoas que pensam igual se juntam -, tanto pode levar a coisas construtivas, tanto pode ter debate de alto nível sobre a questão do clima, quanto pode ter um de mocinhas anoréxicas para que elas continuem anoréxicas.

Nesta semana, o deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA), apoiador da candidatura de Serra, publicou em seu site um artigo adulterado da cronista Danuza Leão, falsamente atribuído à jornalista Marília Gabriela, com ataques a Dilma Rousseff. Depois do protesto da apresentadora, em entrevista a Terra Magazine, e da notificação de um advogado, Aleluia apagou o texto. Graeff comenta a armação contra Marília Gabriela:

- Essas coisas acontecem. Cansei de receber e-mails com uma comparação entre os governos Fernando Henrique e Lula, atribuído à “The Economist”. É um exemplo de baixaria. Não é um insulto, mas uma mentira.

Ele relembra o episódio da “Carta Brandi”, publicada pelo udenista Carlos Lacerda na Tribuna da Imprensa, em 1953. Os documentos forjados, atribuídos ao deputado argentino Antônio Jesús Brandi, revelavam um acordo secreto entre o então ministro do Trabalho de Getúlio Vargas, João Goulart, e Juan Domingo Perón.

- A política tem um lado que é muito bruto, as piores coisas que as pessoas são capazes de fazer. A internet torna a difusão desse tipo de coisa mais rápido, mas também desconstrói. Por quanto tempo a “Carta Brandi” resistiria na internet?

Eduardo Graeff garante que não se importa em ser o alvo das tijoladas contra a campanha

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